Romance de Vila do Conde
“Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
Vento norte, ai vento norte,
Ventinho da beira-mar
Vento de Vila do Conde,
Que é a minha terra natal!
Nenhum remédio me vale
Se me não vens cá buscar
Vento norte, ai vento norte,
Que em sonhos sinto a soprar.
[…]
Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
Bom cheirinho dos pinheiros,
Sei de um que quase te vale!
É o cheiro da maresia,
- Sargaços, névoas e sal -
A que cheira toda a Vila
Nas manhãs de temporal!
Ai mar de Vila do Conde,
Ai mar dos mares, meu mar!
Se me não vens cá buscar,
Nenhum remédio me vale,
Nenhum remédio me vale,
Nem chega a remediar.
Abria de manhãzinha,
As vidraças de par em par.
Entrava o mar no meu quarto
Só pelo cheiro do ar.
Ia à praia e via a espuma
Rolando pelo areal,
Espuma verde e amarela
Da noite de temporal!
Empurrado pelo vento,
Que em sonhos ouço ventar.
Ia à praia e via a espuma
Pelo areal a rolar.
[…]
Vila do Conde espraiada
Entre pinhais rio e mar…
Lembra-me Vila do Conde
Já me ponho a suspirar.
[…]
Lembranças da minha terra
Da minha terra natal
Nenhum remédio me vale
Se me não vindes buscar
Nenhum me poder
Morto em pecado mortal!”
José Régio
Disse Camilo Castelo Branco:
Numa carta a Castilho:
“A minha saúde é péssima. Estou em Vila do Conde, ainda a fazer não sei o quê. Passo os dias na cama a mastigar as batatas cozidas de Francisco Manuel do Nascimento ajeitadas no pudim das odes horacianas. Li, há dias, o Camões pela quarta vez. Aquilo faz-me lembrar o bom ouro dos dobrões de D. João V.”
Numa carta dirigida a Oliveira Martins, depois de lhe ter dito que vivia em Vila do Conde, acrescenta:
“Eu já lá estive três meses e cheguei a ter abcessos e furúnculos de tédio.”
Disse Antero de Quental:
“…voltando amanhã para Vila do Conde, onde já me acho instalado há quinze dias, estando por ora inteiramente satisfeito com a escolha que fiz daquela terrinha que é barata, alegre e onde tenho encontrado um sossego que almejava, para poder dormir regularmente.”
Numa carta a Sebastião Arruda Botelho.
A primeira etapa do trabalho é a analise de Vila do Conde a nível cultural, tecnológico, urbano e económico. Assim, e como somos quatro, decidimos dividir cada tema por cada uma, competindo-me a análise cultural.
Iniciei a minha investigação pela literatura, visto que um grande número de escritores e poetas em Vila do Conde nasceram, viveram ou simplesmente se inspiraram. É claro que o nome mais sonante é o de José Régio, no entanto por cá também passaram Eça de Queirós, Antero de Quental e Camilo Castelo Branco, entre outros.
De seguida, debrucei-me sobre a pintura, investigando quais os pintores que nasceram e/ou viveram em Vila do Conde e que se tenham distinguido. Neste caso, podemos considerar o pintor Júlio, vilacondense, irmão de Régio e Sónia Delaunay, que morou em Vila do Conde por um período de cerca de dois anos. (É curioso o facto de a minha bisavó paterna ter sido empregada doméstica desta pintora enquanto viveu em Vila do Conde. Quando regressou para França quis levar consigo a empregada mas esta ficou retida em Espanha por suspeita de que os Delaunay fossem espiões! Estávamos no período da 1ª Guerra Mundial…)
Seguidamente, investiguei os monumentos de Vila do Conde em livros da Biblioteca da Escola e da Biblioteca Municipal. Vila do Conde tem um património extremamente rico em igrejas, capelas, pontes, casas senhoriais com destaque para a Igreja Matriz que data do século XV, o aqueduto e o convento de Santa Clara, sendo este último o ex-libris de Vila do Conde.
Posteriormente, fiz uma pesquisa sobre antigos espaços culturais, como é o caso do Teatro Afonso Sanches, e uma recolha dos actuais. Informei-me, também, sobre os museus, galerias, grupos, ranchos e eventos existentes na cidade.
Sendo Vila do Conde uma cidade ligada “às letras” fiz uma investigação sobre os Jornais vilacondenses.
De momento, continuo a desenvolver esta investigação sobre a cultura da cidade.
Inês
Decidimos criar este blog no âmbito do concurso, a nível nacional, a que nos propusemos: Cidades Criativas - iniciativa da Universidade de Aveiro.
Este concurso tem como objectivo motivar os seus concorrentes a criar um modelo de cidade ideal, baseando-se na sua própria: onde vivem e estudam; tendo em conta determinados parâmetros - esses, fornecidos pelos organizadores do projecto.
Nós, como estudantes e habitantes que somos em Vila do Conde, decidimos que seria sobre essa mesma cidade que nos debruçariamos.
Sempre fomos inspiradas pelos seus poetas e pintores, reconhecidos em todo o mundo; desde pequenas que usufruimos dos seus parques, praças e belos espaços verdes e, também, das zonas históricas, que invadem toda a cidade, fazendo-nos desejar uma viagem a tempos remotos.
Contudo, há sempre um "mas": é, também, por termos crescido aqui, que reconhecemos várias falhas nesta pequena cidade - na sua mentalidade, no seu urbanismo, na sua atitude perante nós. Foi por isso que decidimos aceitar o desafio: para ganharmos uma voz, que há tanto desejamos e que tão pouca notoriedade tem tido. Esperamos agora ter um voto, um rosto, uma importância e uma posição de relevo nesta nossa casa, nesta nossa "Vila". Queremos continuar a viver aqui e ter tudo o que tivemos, mas precisamos de mais. Queremos continuar a viver a vida simples de uma pequena cidade mas com todas as qualidades e confortos das grandes que nos rodeiam.
As cinco daremos a conhecer os nossos gostos e desapontamentos, o que está bem, o que está mal, numa cidade outrora apelidada de "espraiada entre pinhais, rio e mar", tão admirada, tão desejada. Queremos sentir isso!
Ana, Inês, Célia, Madalena e Sandrina
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